sábado, 31 de dezembro de 2011

Dinheiro público

Maldita Copa do Mundo
Desculpem o título, tão mal-humorado. É inevitável, cada vez que leio notícias sobre os gastos públicos que esta farra da Copa do Mundo já está gerando. Os custos já passam de 700 milhões, segundo as mais recentes notícias. Estima-se a farra em 24 bilhões, mas existe um insuspeito estudo do próprio Senado falando em... Sente e beba um copo de água antes ler: 60 bilhões!
 É sim, maldita Copa do Mundo!
O mundo inteiro falando em crise, arrocho fiscal na Europa, a Grécia literalmente quebrada e de chapéu na mão. E o Brasil se preparando para fazer uma festa desse porte e se curvando aos caprichos das máfias que controlam a Fifa, uma entidade privada, que lucra com isso. E que tem a ousadia de interferir até nas leis do país, para atender ao interesses comerciais dos seus controladores.
Morre gente em corredor de hospital público que mais parece um chiqueiro. Falta saneamento básico em mais da metade do país. As novas favelas crescem nas beiras das rodovias por todos os cantos, acabando até com belos cartões postais de cidades praianas. O ensino está uma calamidade e precisa de investimentos urgentes, a começar por salários dignos para os professores e instalações em condições salutares para os alunos. Nossas polícias têm armamento obsoleto e suas delegacias são uma vergonha. Em São Paulo existe delegacia que sequer tem telefone. As Forças Armadas estão sucateadas e seu reequipamento é uma questão séria a ser considerada, para defesa do Pré-sal. E vai por aí.
E, no entanto, vamos gastar essa colossal montanha de dinheiro com futebol. Pra começo de conversa, São Paulo não precisava de um novo estádio, bastava melhorar o Morumbi. Isso foi um tremendo trambique.
Quem vai pagar a farra? Eu, você. Todos nós. Porque isso vai sair dos cofres da União, Estados e Municípios. Vão usar o BNDES, que não foi criado e não existe para isso, e sim para fomentar investimento sustentável, gerador de renda e empregos. Quando a farra acabar virá em seu lugar a ociosidade desses mausoléus. Mas as contas a pagar ficarão.
Sou insuspeito para criticar porque fui a favor de várias medidas do governo Lula. Mas essa de trazer a Copa para o Brasil foi de lascar. É insuportável! Onde esse cara estava com a cabeça quando foi lá com aqueles pilantras da CBF para reivindicar uma coisa que vários países, inclusive os Estados Unidos, estavam rejeitando?
Se vai ter roubalheira? Não seja maldoso. Será tudo limpo e transparente. Aguarde.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Economia

Brasil entra em 2012
vislumbrando um futuro melhor
Nunca, em toda minha vida, vi um Brasil tão otimista. Com reservas cambiais poderosas e inegáveis avanços na área social. Com o Bolsa Familia e programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, criou-se consumo e otimismo onde antes só havia abatimento e desesperança.
Calma lá, não estou dizendo que o Brasil virou algum paraíso de igualdade social. Estamos ainda anos luz distante disso. Mas perto do que havia, sinceramente, é realmente algo a considerar. Porque programas como o Bolsa Familia, ainda que irritem as classes mais abonadas, não são a fundo perdido. Eles criam consumo, e criando consumo geram empregos e investimento, em áreas onde antes isso não existia. O que, por tabela, favorece as tais classes mais abonadas, detentoras do capital. Só que elas não percebem, afogadas em sua cegueira e egoísmo.
O Brasil vem conseguindo antecipar com medidas eficazes os mecanismos para fugir da crise internacional. Renúncia fiscal e controle dos juros, sem risco mais profundo de inflação, têm sido medidas corretas nos últimos três anos, mantendo o fluxo de consumo e o nível de emprego em índices satisfatórios. Hoje há demanda por mão de obra, sobretudo na construção civil, além da grande necessidade de técnicos para todos os setores da economia. É um bom sinal, principalmente quando comparado com a situação da Espanha, por exemplo, onde o desemprego recentemente atingia 11%. É muita gente pendurada no assistencialismo oficial, uma forma precária de vida e danosa à economia.
Entraremos em 2012, talvez pela primeira vez na História, com um índice de otimismo jamais visto antes, e que se traduz também pelo grande apoio que a presidente Dilma vem recebendo da sociedade, sobretudo de setores que não apoiaram sua candidatura e não votaram nela. O estilo da presidente, austera e firme, e dentro do possível peitando as máfias da corrupção, em contraponto ao exagerado marketing populista e o “liberou geral” de Lula, são os fatores agregadores desse apoio.
Nos meus 66 anos de vida, sempre atento à economia e política, posso assegurar que nunca vi um Brasil entrando tão sereno e tão bem aglutinado num novo ano. É claro que existem divergências, e ainda bem que existem. O país precisa de oposição, sempre. E de imprensa livre, para denunciar e cobrar. Mas há um senso comum de que estamos melhorando gradualmente, e crescendo.
Sem aquele ufanismo idiota que marcou o chamado “milagre brasileiro”, do plantão do ditador Médici. Agora é bem diferente. O otimismo é contido e apegado à realidade. Além de prudente. É um outro Brasil nascendo. Com tudo, ou muito, ainda por fazer nos mais variados setores. Porém não inerte, nem andando em marcha a ré.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Cultura

Tristeza: a livraria fechou
Havia uma simpática livraria ali na rua Vereador José Diniz, ao lado da famosa padaria Santa Marcelina. Comprei alguns livros lá, fiz amizade com o pessoal da casa, que até me convidou para fazer com eles o primeiro lançamento do meu livro “Periferia da História”. Estava nos meus planos. O lugar era simpático, tinha estacionamento (sem cobrança), a padaria para dar suporte saboroso...
Hoje, dia 24 de dezembro, vi com tristeza tudo fechado e a faixa: “Aluga-se”.
Fiquei pensando... Pobre país, onde uma livraria charmosa (fora das grandes redes) não consegue sobreviver. Que inveja de Buenos Aires (veja que eu não disse Argentina), que com suas mil e tantas livrarias suplanta com folga o total que temos em todo o Brasil. Que abissal diferença cultural. E depois tem gente que ainda chama os argentinos de arrogantes. Deveriam é festejar a cultura daquele povo, que é também, como conseqüência, infinitamente mais politizado do que o nosso.
Há anos sempre digo que o livreiro é um idealista. Investir um capital numa livraria realmente requer coragem. Melhor é pavimentar o terreno e transformar em estacionamento, cobrando 10 reais na primeira hora... Porque o nosso povo gosta é de carros e não de livros. O sujeito não tem vergonha de contar que jamais leu algum livro. Mas se orgulha do carrão...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Memórias de repórter

O texto a seguir está sendo publicado na edição on line, nº  826, do conceituado Jornalistas & Cia, do período de 21 de dezembro a 3 de janeiro. Na seção Memórias da Redação.

Como descobri e denunciei
um escândalo durante a ditadura
Um mero acaso, somado ao meu olhar atento sobre um trecho de ferrovia, em paisagem rural da Grande São Paulo, na região de Suzano, ensejaram aquela que certamente foi a maior reportagem da minha carreira de repórter, há 35 anos: a denúncia, em página inteira no “Estadão” de 01/07/1976, de um escândalo envolvendo o Ministério dos Transportes, cujo titular na época era o coronel Mario Andreazza. Em plena ditadura, Governo Geisel.
Vale a pena contar essa história, com justa vaidade uma lição de jornalismo, porque tudo, de ponta a ponta, foi fruto da minha sacada de que algo estava errado, além do subseqüente esforço de apuração, que levou mais de um mês até fechar todo o quadro e provar a denúncia.
É bom lembrar que quase invariavelmente as denúncias de escândalos que chegam aos jornais e revistas são plantadas por pessoas com informações privilegiadas e que de alguma forma se sentiram lesadas. Geralmente, quem perdeu alguma concorrência pública. No caso deste relato não teve nada disso. Tudo começou e terminou com este repórter, sem qualquer interferência externa.
O episódio começa num dia de muito sol e calor, quando peguei meu Fusca, sozinho, para fazer uma despretensiosa reportagem de turismo de fim de semana sobre a estrada SP-31, a Rodovia Índio Tibiriçá, que liga Ribeirão Pires a Suzano, na Região Metropolitana da Grande São Paulo. Eu recém tinha assumido a chefia de redação da Sucursal do ABC do grupo Estado (Estadão, Jornal da Tarde, Agência Estado e Rádio Eldorado), por indicação do Dirceu Pio ao Raul Bastos, então chefe da rede de sucursais. O Pio, ex-chefe da Sucursal, que sempre teve uma redação competente e respeitada, vinha me dando grande apoio e foi dele a sugestão da matéria sobre a estradinha, que contorna parte da represa Billings, é local de pescadores e de bancas de frutas, flores e mel produzido nas chácaras das redondezas.
Fui parando para entrevistar comerciantes e pescadores, até que cheguei num posto de gasolina, no km 10, para abastecer e aproveitar para ouvir também o dono sobre o movimento na estrada. Era um japonês alto e simpático, o Ishikawa, que começou lamentando que teria que encerrar seus negócios ali, fechar o posto e pensar no que fazer. Meu primeiro entendimento foi de que o movimento seria fraco e o posto estivesse dando prejuízo. Mas não era isso. Ishikawa me levou até o escritório e abriu documentos e mapas da região. E explicou: ali perto estava sendo erguida a barragem do Taiaçupeba, uma obra do governo paulista, destinada principalmente a ajudar no abastecimento do ABC e Zona Leste paulistana, além da regularização do fluxo do Tietê, para reduzir o impacto das enchentes. A cota de inundação da represa, como é chamada tecnicamente a área ocupada pelas águas, em pouco tempo alcançaria a estrada, ficando o posto nas margens. Já estava nas previsões a construção do desvio, com desapropriações de chacareiros de uma colônia japonesa que se dedicava ao cultivo de rosas. Ishikawa, mesmo não sendo engenheiro, até bolou e propôs ao Estado uma solução mais barata e menos complicada do que as desapropriações, que seria uma elevação da estrada.
Ishikawa me contava tudo aquilo, eu ia fazendo anotações já vislumbrando novas pautas sobre o assunto, quando de repente bati o olho nos trilhos de trem que passavam paralelos à estrada, a poucos metros dali. Um detalhe em especial chamou minha atenção: os dormentes de madeira (sobre os quais são fixados os trilhos) estavam novos. Eu já tinha morado perto de ferrovia e viajei muito de trem na infância e adolescência. Sabia que pelo uso e tempo ferrovias antigas têm dormentes enegrecidos e lascados. Ali não, tudo era novo. A madeira ainda estava clara. Logo, algo estava errado.
Comecei a fazer perguntas a Ishikawa sobre a ferrovia e fiquei sabendo que o ramal, de 7,5 quilômetros, por onde passava um trem por dia transportando minério de ferro destinado à Cosipa, havia sido inaugurado pelo ministro Andreazza em agosto de 1971.  Informação fácil de checar e que se confirmou. Porém, desde 1969 técnicos do Estado já vinham mantendo reuniões com moradores da região para tratar da desocupação da área que seria ocupada pela represa. Não havia sentido. Como poderiam ter inaugurado os trilhos justamente sobre uma área que já estava prevista para ser inundada?
Começava ali, no próprio posto de gasolina e com seu modesto dono, minha investigação de um escândalo que custou, na época, 45 milhões de cruzeiros (a moeda então vigente) aos cofres públicos.
A busca da verdade
Até concluir a matéria, que ocupou a última página inteira do Estadão, (depois da capa a mais nobre do jornal e mais ambicionada pelos repórteres), foi mais de um mês em que mergulhei de cabeça na investigação do caso. Saiu tudo na íntegra, sem qualquer mudança ou corte.
“45 milhões, o preço de um prazo político” foi a manchete da página. O espaço foi dividido em várias retrancas (textos com enfoques diferentes de um mesmo assunto), onde contava, além do escândalo, os dramas dos atingidos pelas desapropriações, analisava os impactos da nova represa, custos, finalidades, soluções, etc. Mereceu, claro, destacada chamada na capa do jornal.
Tive que conciliar os trabalhos de apuração e texto com a chefia da redação, onde bolava pautas diárias para meia dúzia de repórteres e “copidescava” suas matérias, que no jargão de redação significa fazer a lapidação final do texto. Não era fácil, mas o entusiasmo pela investigação estava acima de tudo. Eu não dava a mínima para horário de trabalho. Eram 12 horas por dia, não raro até mais. Saí a campo em busca de fontes, respostas e documentos. Tudo teria que encaixar, com precisão, acompanhado de provas. Para denunciar o seguinte: o ministro dos Transportes tinha autorizado e inaugurado uma obra em tempo e lugar errado, mesmo estando informado que ela não teria vida longa. Só poderia existir uma razão para isso: havia gente ganhando dinheiro no superfaturamento da obra. Detalhe que eu não tinha como provar, infelizmente, mas que ficava implícito para qualquer leitor mais ou menos atento. E, mesmo supondo que tivesse sido só incompetência e erro técnico, a decisão implicava num grande prejuízo aos cofres públicos.
A bagunça e desintegração entre as esferas estadual e federal era tanta, que a construção do ramal ferroviário começou mesmo com o projeto da barragem já em curso. As autoridades estaduais se apavoraram e espalharam ofícios aos mais diversos órgãos federais informando a situação e pedindo a urgente criação de um desvio. Em vão, o ministro mandou tocar em frente. Qualquer alteração mudaria todo o cronograma e havia um prazo político.
Percorri diariamente corredores e tomei chás de cadeira em ante-salas dos mais variados órgãos, muitas vezes só por um pequeno detalhe, mas sempre indispensável na composição da colcha de retalhos em que se constitui uma matéria investigativa: DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica; Fepasa – Ferrovia Paulista S.A., Departamento Nacional de Estradas de Ferro, Cetesb, Sabesp, DER, DNER, Palácio dos Bandeirantes e outros lugares... Haja entrevista, e haja luta para fazer falar quem temia isso. Por exemplo: eu precisava ouvir o então presidente da Cetesb, Renato Della Togna, que em 1968 tinha sido o superintendente da Divisão do Vale do Tietê. Era uma das autoridades estaduais que alertou, por escrito, sobre o problema. Ao tentar marcar um encontro, por telefone, percebi que ele fugia da raia. Claro, aquilo era mexer em vespeiro. Fui para seu gabinete na Cetesb, em Pinheiros, e me plantei na ante-sala uma tarde inteira. “Em alguma hora ele terá que aparecer”, era minha idéia fixa. Só quase no final do dia isso ocorreu. “Não posso atender, tenho um coquetel no térreo agora”, me disse. “Vou junto”, respondi, colado ao homem como um carrapato. Descemos o elevador, eu já entrevistando. Depois em pé, no coquetel, entre canapés e coxinhas de frango. Esperava ele dar atenção a alguém e voltava à carga. O homem acabou falando, com certeza não tudo, mas tive que tirar suas declarações como carro que pega no tranco, aos empurrões. E certamente falou, em parte, para se livrar do tremendo chato que era aquele repórter. O nome do jornal pesava, então ele me aturou com paciência, digamos. Eu também não era bobo, fiz pressão insinuando que o seu silêncio seria questionado pelo “Estadão”.  
 Como um quebra-cabeça, tudo ia se encaixando. Depois eu organizava os fatos em ordem cronológica. Esse andamento era animador. De entrevista em entrevista, ora em on, ora em off, mais documentos, foi possível fazer a denúncia. O mais precioso documento era a cópia de um oficio do DAEE, devidamente datado, informando ao Ministério dos Transportes sobre o cronograma de obras da represa.
Além do périplo pelas repartições oficiais, voltei à região dezenas de vezes, para ouvir moradores, empresários, chacareiros. Numa das ocasiões acompanhado do fotógrafo Clóvis Cranchi Sobrinho, que fez fotos dos famosos trilhos e da bacia da barragem do Taiaçupeba, que ilustraram a matéria.
Nos dias seguintes à publicação o jornal deu editoriais sobre o caso e fez matérias de repercussão, aos cuidados da Local, como era chamada a equipe de reportagem de cobertura da Capital.
A censura nesse período já estava quase suspensa, ainda bem. Um pouco antes e não teria saído uma única linha. A denúncia não deu em nada, como sempre acontecia durante a famigerada ditadura. Autoridades reagiam de modo truculento e não davam explicações. Jornalistas insistentes corriam sérios riscos, até de prisão. Mas, pelo menos, minha reportagem alcançou a opinião pública. Só isso já foi uma grande vitória.



  

Atitude

Ano Novo. Novo?
Outro dia eu estava na fila do restaurante a quilo e ouvi duas moças na frente conversando. Dizia uma: “Não vejo a hora em que termine este ano”. Respondia a outra: “Eu também!”
É absurdo como as pessoas vinculam seus fracassos e frustrações às coisas incontroláveis, como o tempo. A mudança do ano no calendário, pelo imaginário popular, é a simbologia de mudanças. Que nunca acontecerão. Porque a vida não depende do fato de ser janeiro ou dezembro, dia 1º ou 31. Não é o calendário que tem que mudar, e sim as atitudes delas.
Lembro-me, há muitos anos, de um colega de trabalho que passou os últimos três meses do ano anunciando que o próximo ano seria o “seu ano”. Nunca entendi direito o que ele queria dizer, exceto que claramente era um anúncio de prosperidade. Mas o fato é que transcorreu o tal ano tão esperado e... nada, absolutamente nada, mudou na vida dele.
66 anos novos depois, sinceramente, estou um pouco cansado desses discursos que prometem o irreal e ficam adiando sonhos. Razão pela qual estou fugindo das festas de ano novo. Quando chega a meia-noite, depois da velha contagem regressiva dos minutos, aquela troca de abraços e de velhas frases, sempre iguais, desejando paz, saúde, dinheiro e o escambau, já me cansam muito. Repito aquilo tudo feito papagaio, sem nenhuma emoção.
Só vejo algum sentido no calendário pelas coisas boas que me acontecem. Mas não agora, já há vários anos, como, por exemplo, a chegada do verão e as viagens nos navios, nos cruzeiros dançantes que ajudo a organizar e a divulgar, através do jornal Dance. É sempre muito bom, e apenas algo gostosamente esperado. Meus projetos não precisam aguardar a virada do ano. Nem a decisão de continuar sendo muito feliz. Ela se renova todos os dias.
Vou aproveitar a calmaria dos feriados para mergulhar na preparação (quase final) do meu livro “Periferia da História”. Sem nenhuma crise existencial, sentimento de exclusão ou qualquer outro bicho. Convites não faltam. É uma opção ficar recluso e me dedicar a um trabalho que me dá extremo prazer. Longe do barulho e de alguns falsos, que infelizmente existem. O livro é um projeto para breve. Ação em curso, no tempo presente. Sem precisar esperar o calendário mudar.
De qualquer forma, bom Natal e feliz Ano Novo a todos!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Futebol arte

Neymar pode perder chance rara
Não há muito a comentar sobre o jogo Barcelona X Santos. Todo mundo viu, e os grandes comentaristas certamente já esgotaram o assunto. Da minha parte, como torcedor moderado de futebol, sem nenhum fanatismo (sou Inter, de Porto Alegre, desde criancinha, e só), quero apenas dizer que foi o mais lindo jogo de futebol que já vi na minha vida (olhando o Barça, claro). Só acharia paralelo na fantástica Seleção Brasileira que disputou a Copa na Espanha, a melhor de todos os tempos, e justo, oh ironia, uma daquelas que voltou sem o caneco tão cobiçado.
Hoje o Barcelona tem o time dos sonhos de todos os torcedores e de todos os jogadores. Burro do Neymar se deixar escapar essa chance e não ir jogar lá, garantindo para sempre seu lugar na história do futebol mundial. Imaginem a delícia que deve ser jogar ao lado daqueles caras, com aquele toque de bola preciso, rápido, de estontear até os adversários mais experientes. No jogo, a impressão era a de que poderiam fazer novo gol a qualquer momento, quando quisessem. Pareciam treinar. Com empenho e força total teriam enfiado 8 ou 9 gols. E contra um time que tem Ganso, Neymar, Borges... Não é brincadeira.
O mundo teve o famoso carrossel holandês. Eles desciam e subiam em bloco, atacando e defendendo, parecia um pelotão laranja em estratégia de batalha. Mas o Barça de hoje é ainda mais lindo, porque soma ao esquema tático o brilho individual. E Messi, que me desculpem os patriotas de plantão, está muito perto de começar a ser comparado a Pelé, que por enquanto não perdeu o trono, até hoje. “Messi foge da falta”, comentou o deslumbrado goleiro do Santos, Rafael. Ao contrário dos demais atacantes, que cavam faltas e pênaltis na frente da área. Messi jogando é uma pintura. Lembra-me Falcão e Zico nos seus melhores momentos.
Vai, Neymar, não perde teu tempo aqui num futebol onde só se pensa em ganhar dinheiro. E por isso em franca decadência.
Jogar no Barcelona, hoje, é para poucos. Um dia, no futuro, ele poderá se arrepender muito de não ter dado esse salto em sua carreira.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Economia doméstica

Abomináveis caixinhas de Natal
Por sugestão do amigo professor João Paulo de Oliveira, de Diadema, hoje vou comentar um pouquinho sobre essas abomináveis caixinhas de Natal. Primeiro, explicando meu critério estritamente pessoal para avaliar o valor das coisas: meu conceito de caro ou barato toma por base quanto ganho por dia, somando aposentadoria com a pequena renda média do meu jornal de dança. Pronto, tenho um critério. Ou seja, quantos dias de “renda” tenho que investir para comprar determinado bem. Pode me custar um dia, ou um mês. Ou vários meses. E assim controlo meu orçamento, sem riscos de dar passos maiores do que minhas reais possibilidades. Graças a isso há muitos anos não sei o que é ter dívidas. E mais: compro tudo à vista, chorando descontos. Até carro compro assim, esperando alguns meses até juntar todo o dinheiro. E minha casa, pasmem, paguei totalmente em apenas dois anos, quitando em 1980. É uma maravilha não ter dívidas, não ficar pendurado no cartão de crédito (fuja dele!), nem no cheque especial com esses juros abusivos dos bancos.
O que tem isso a ver a caixinha de Natal? Tudo. Porque rompe seu orçamento, sua organização. Some as caixinhas do carteiro, do apontador da luz, da água, lixeiro, pedinte na porta, guarda da rua, cunhado desempregado... Vai longe, amigos. Você estará investindo alguns valiosos dias do seu orçamento, se não tomar cuidado. E deixará de atender suas próprias necessidades, entre as quais se inclui família e entes mais íntimos e queridos.
Resumo: não dou caixinhas. Acho isso um péssimo hábito. Porque é inclusive uma forma de corrupção. As pessoas citadas, fora o desempregado, ganham salários. Se não é bom, que deixem de ser covardes e aprendam a lutar por melhorias, como fiz em toda minha vida. Na maior parte das vezes em que arrisquei pedir aumentos, consegui. Se tivesse ficado encolhido, com medo, não teria conseguido. Logo, não vou complementar com caixinhas os ganhos de quem não sabe lutar por seus próprios direitos. Isso gera neles acomodação. Fica prático, os outros pagam!
Não eu.
Prefiro fazer contribuições, dentro das minhas possibilidades, em esquemas de pessoas confiáveis. Neste ano, por exemplo, ajudei num fundo para compra de presentes para crianças carentes. Esse sim é um dinheirinho bem empregado, que me deixa feliz em contribuir. Outra idéia, mais interessante do que dar dinheiro, é comprar um estoque de determinado brinde, de pequeno custo, e distribuir. Alguns não gostam, querem é grana. Mas aí o problema é deles.
Beijos!