quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Atitude

Ano Novo. Novo?
Outro dia eu estava na fila do restaurante a quilo e ouvi duas moças na frente conversando. Dizia uma: “Não vejo a hora em que termine este ano”. Respondia a outra: “Eu também!”
É absurdo como as pessoas vinculam seus fracassos e frustrações às coisas incontroláveis, como o tempo. A mudança do ano no calendário, pelo imaginário popular, é a simbologia de mudanças. Que nunca acontecerão. Porque a vida não depende do fato de ser janeiro ou dezembro, dia 1º ou 31. Não é o calendário que tem que mudar, e sim as atitudes delas.
Lembro-me, há muitos anos, de um colega de trabalho que passou os últimos três meses do ano anunciando que o próximo ano seria o “seu ano”. Nunca entendi direito o que ele queria dizer, exceto que claramente era um anúncio de prosperidade. Mas o fato é que transcorreu o tal ano tão esperado e... nada, absolutamente nada, mudou na vida dele.
66 anos novos depois, sinceramente, estou um pouco cansado desses discursos que prometem o irreal e ficam adiando sonhos. Razão pela qual estou fugindo das festas de ano novo. Quando chega a meia-noite, depois da velha contagem regressiva dos minutos, aquela troca de abraços e de velhas frases, sempre iguais, desejando paz, saúde, dinheiro e o escambau, já me cansam muito. Repito aquilo tudo feito papagaio, sem nenhuma emoção.
Só vejo algum sentido no calendário pelas coisas boas que me acontecem. Mas não agora, já há vários anos, como, por exemplo, a chegada do verão e as viagens nos navios, nos cruzeiros dançantes que ajudo a organizar e a divulgar, através do jornal Dance. É sempre muito bom, e apenas algo gostosamente esperado. Meus projetos não precisam aguardar a virada do ano. Nem a decisão de continuar sendo muito feliz. Ela se renova todos os dias.
Vou aproveitar a calmaria dos feriados para mergulhar na preparação (quase final) do meu livro “Periferia da História”. Sem nenhuma crise existencial, sentimento de exclusão ou qualquer outro bicho. Convites não faltam. É uma opção ficar recluso e me dedicar a um trabalho que me dá extremo prazer. Longe do barulho e de alguns falsos, que infelizmente existem. O livro é um projeto para breve. Ação em curso, no tempo presente. Sem precisar esperar o calendário mudar.
De qualquer forma, bom Natal e feliz Ano Novo a todos!

4 comentários:

  1. Caro Milton..
    Esta é uma época que não dá para apagar no calendário. Mesmo que vc se esconda em algum lugar, é mais uma oportunidade de planejamento e renovação de propósitos para o Ano Novo.
    Desejo a você e sua familia: um Feliz Natal e um Ano Novo, com sáude e boas realizações.
    Obrigada
    Carinhoso abraço.

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  2. Obrigado, Cristina, e que tudo de bom aconteça sempre em sua vida. Grande abraço!
    Milton

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  3. Ilustre Jornalista e Amigo Milton Saldanha,
    Em primeiro lugar os meus sinceros parabéns por seu novo livro, lhe desejo os maiores sucessos.
    Quanto aos dias, meses e anos, o nosso destino já está marcado, como muito bem referiu não importa que seja dia 1 ou dia 31, as nossas mentalidades essas sim, se formos comprensivvos, se souber-mos o caminho a seguir e tivermos fé assim sim, seremos felizes.
    Quanto à passagem do ano eu a essa hora já estou passando pelas brasas.
    Feliz e óptimo Natal cheio de Saúde, de Paz e de Amor.
    Abraço amigo

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  4. Caro jornalista Milton Saldanha!
    Folgo saber que meus estimados confrades António Cambeta e Cristina Fonseca deixaram comentários no seu imperdível blog!!!
    Sua crônica deixou-me propenso a refletir a necessidade da maioria dos nossos semelhantes em acreditar que o ano vindouro será diferente do ano em curso.
    Não vejo a hora de ver seu livro sair do prelo!!!!
    Este auspicioso fato não depende de mudança de ano, mas da sua disponibilidade em torná-lo um fato!!!
    Caloroso abraço! Saudações editoriais!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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