quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Economia

Brasil entra em 2012
vislumbrando um futuro melhor
Nunca, em toda minha vida, vi um Brasil tão otimista. Com reservas cambiais poderosas e inegáveis avanços na área social. Com o Bolsa Familia e programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, criou-se consumo e otimismo onde antes só havia abatimento e desesperança.
Calma lá, não estou dizendo que o Brasil virou algum paraíso de igualdade social. Estamos ainda anos luz distante disso. Mas perto do que havia, sinceramente, é realmente algo a considerar. Porque programas como o Bolsa Familia, ainda que irritem as classes mais abonadas, não são a fundo perdido. Eles criam consumo, e criando consumo geram empregos e investimento, em áreas onde antes isso não existia. O que, por tabela, favorece as tais classes mais abonadas, detentoras do capital. Só que elas não percebem, afogadas em sua cegueira e egoísmo.
O Brasil vem conseguindo antecipar com medidas eficazes os mecanismos para fugir da crise internacional. Renúncia fiscal e controle dos juros, sem risco mais profundo de inflação, têm sido medidas corretas nos últimos três anos, mantendo o fluxo de consumo e o nível de emprego em índices satisfatórios. Hoje há demanda por mão de obra, sobretudo na construção civil, além da grande necessidade de técnicos para todos os setores da economia. É um bom sinal, principalmente quando comparado com a situação da Espanha, por exemplo, onde o desemprego recentemente atingia 11%. É muita gente pendurada no assistencialismo oficial, uma forma precária de vida e danosa à economia.
Entraremos em 2012, talvez pela primeira vez na História, com um índice de otimismo jamais visto antes, e que se traduz também pelo grande apoio que a presidente Dilma vem recebendo da sociedade, sobretudo de setores que não apoiaram sua candidatura e não votaram nela. O estilo da presidente, austera e firme, e dentro do possível peitando as máfias da corrupção, em contraponto ao exagerado marketing populista e o “liberou geral” de Lula, são os fatores agregadores desse apoio.
Nos meus 66 anos de vida, sempre atento à economia e política, posso assegurar que nunca vi um Brasil entrando tão sereno e tão bem aglutinado num novo ano. É claro que existem divergências, e ainda bem que existem. O país precisa de oposição, sempre. E de imprensa livre, para denunciar e cobrar. Mas há um senso comum de que estamos melhorando gradualmente, e crescendo.
Sem aquele ufanismo idiota que marcou o chamado “milagre brasileiro”, do plantão do ditador Médici. Agora é bem diferente. O otimismo é contido e apegado à realidade. Além de prudente. É um outro Brasil nascendo. Com tudo, ou muito, ainda por fazer nos mais variados setores. Porém não inerte, nem andando em marcha a ré.

4 comentários:

  1. Caro jornalista Milton Saldanha!
    O mais importante é acreditarmos que dias melhores virão!!!!!
    Caloroso abraço! Saudações esperançosas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  2. É verdade, caro João Paulo, a pior coisa que existe é o derrotismo. Aproveitando, quero retificar o índice de desemprego (calculado sobre a força de trabalho ativa) da Espanha. Os 11% que citei era um número antigo. Agora já passa dos 20%. Altíssimo.
    Abraços,
    Milton Saldanha

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  3. Caro Milton Saldanha,

    Já comentei uma vez que você é história viva, por isso sua análise sempre me impressiona muito (positivamente). É muito interessante comparar sua análise pessoal, sua percepção da história com alguns índices institucionais.
    Veja o que aponta o noticiário recente:

    Taxa de desemprego no Brasil caiu em novembro a menor nível em 9 anos
    Rio de Janeiro, 22 dez (EFE).- A taxa de desemprego no Brasil caiu em novembro para 5,2% da população economicamente ativa, o menor nível nos últimos nove anos, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
    O índice de desemprego em novembro foi o menor desde que o Governo Federal começou a medi-lo com critérios mais rigorosos, em março de 2002. A taxa mais baixa desde então era de 5,3%, verificada em dezembro do ano passado.
    Segundo o IBGE, a taxa de desemprego em novembro foi 0,6% inferior à de outubro (5,8%) e 0,5% menor que a do mesmo mês de 2010 (5,7%).
    Já o número de pessoas desempregadas nas seis maiores regiões metropolitanas do país, nas quais é medido o índice nacional, caiu em novembro para 1,3 milhão, com uma redução de 9,6% em comparação com outubro e de 7,9% com relação ao mesmo mês do ano passado.
    O IBGE informou ainda que o rendimento médio do trabalhador brasileiro em novembro foi de R$ 1.623,40, valor similar ao de outubro e 0,7% superior em termos reais ao de novembro do ano passado.
    Apesar da queda da taxa de desemprego a níveis históricos, o Ministério do Trabalho informou na segunda-feira que o Brasil gerou apenas 42.735 novos empregos com carteira assinada em novembro, número 69% inferior ao do mesmo mês de 2010 (138.247 empregos) e o mais baixo para um mês de novembro desde 2008.
    O ministério atribuiu esse resultado à desaceleração da economia brasileira como consequência da crise econômica mundial. (http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2011/12/22/taxa-de-desemprego-no-brasil-caiu-em-novembro-a-menor-nivel-em-9-anos.jhtm)


    Mesmo com alguns aspectos negativos, como a baixa geração de novos empregos, é inegável que o Brasil passa por um momento bastante positivo. É claro que a crise mundial é uma das causas dos poucos aspectos “negativos” que diante da crise mundial são sintomas de equilíbrio.
    Mais uma vez você é e faz história no sentido da memória - resultado de uma forma de viver intensamente ligada e crítica e no sentido de “cidadania” – você é um cidadão sujeito da/na história.
    Fico feliz e concordo com sua análise. Considero real e concreta. Desejo que esta classe que tem condição até de tirar proveito dos programas sociais, entenda que a pobreza e a miséria não interessam a ninguém. Não é necessário que uma maioria morra de fome e de desidratação para que uma pequena porcentagem de “selecionados” possa usufruir de privilégios. Considero este um primeiro passo: melhorar a qualidade de vida de todos, ainda que não se mude de todo a estrutura da sociedade. E espero, ainda, sonho, que os próximos passos possam ser dados na direção de uma sociedade justa em que todos possam ter acesso a alimentação, a saúde, moradia e a educação de qualidade.
    Apenas faço uma ressalva e um pedido à presidenta Dilma: invista mais em educação. É necessário um programa sério, comprometido que priorize a educação. Considero a educação como um pano de fundo, ou como andaime, estrutura que potencializa todos outros programas frente de combate a fome. Sem isso os resultados dos programas sociais podem ser efêmeros e frágeis. Qualquer aventureiro com uma mudança de governo pode mudar a política e pronto, volta-se á mesma condição. Ao se investir em cultura, conhecimento e consciência as mudanças se perpetuam independente de governo.


    Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
    Paulo Freire


    Um grande abraço,

    Angela Figueredo.

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  4. Querida Angela: vejo que além de excelente tangueira e dançarina de salsa e forró, para não falar da sua especialidade, alfabetização infantil, você é uma analista de mão cheia, atenta aos índices e sabendo ir direto ao ponto que interessa. Concordo plenamente: educação é a porta e o caminho para tudo. Com educação o país avança, as pessoas melhoram em todos os sentidos, a violência das ruas diminui. A pequenina Costa Rica há vários anos dispensou seu exército, manteve só a polícia, e investiu na educação todo o dinheiro que seria para fins bélicos. O país melhorou em tudo, e tem uma organização suiça. Um amigo que esteve lá me contou maravilhas. Um detalhe: um sanduiche, por exemplo, tem o mesmo preço no aeroporto e no país inteiro. É um micro exemplo, mas não é notável? Cuba investiu muito em educação, mas não pode dispensar seu exército, pelo contrário, teve que se equipar muito para se defender, senão já teria sido invadida há muito tempo. Infelizmente. Seus problemas atuais são de outra ordem, mas não de educação. Resultado: tem uma medicina que volta e meia surpreende o mundo. Leonel Brizola, Darci Ribeiro, foram pessoas que tiveram essa visão com educação. Poucos pensam assim. Os caras acham que governar é fazer pontes, como essa besta do Maluf. Com escolas,boas, o país vira uma potência.
    Obrigado, grande abraço!
    Milton Saldanha

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