sábado, 21 de janeiro de 2012

Jornalismo

Durezas da vida de repórter (5)
Não lembro mais o assunto que me levou à porta da Cofap, no ABC, tentando ouvir sua direção. Mas era algo com certeza importante, até pelo horário, quase escurecendo. Isso é horário de estar na redação, escrevendo e entrando no pico de fechamento da edição. A informação era quase exclusiva. Digo quase porque logo depois que cheguei no portão da fábrica, tentando contatos, encostou a equipe da Globo. Aí, calculei, só o Estadão e a Globo têm a informação. O repórter global era o Carlos Monforte, ex-Estadão, excelente e renomado profissional. A espera foi se alongando, e a todo momento nós dois cobrando dos funcionários o atendimento de um diretor, se possível o maior manda-chuva da empresa. Durante essa espera fui ponderando ao Monforte sobre as possibilidades que teríamos de fazer a matéria, eventualmente, sem a palavra da empresa. Isso era crucial. O Monforte dava de ombros e me respondia: “Que nada, para a Globo ele fala”. Como quem diz, meu veículo é poderoso. Tá legal... Demorou até que chega um funcionário de gravata, deveria ser algum gerente, e nos informa: “O dr. Fulano vai falar, mas só para o jornal”. Certamente o cara seria daqueles que tremem na frente de microfones e câmeras. Não pude conter um sorriso sacana. O grande Monforte ficou passado. Estava inconformado. Não teve jeito. O executivo deu a entrevista, se não me engano na frente dos dois. Mas gravar que é bom, e isso era indispensável para a TV, nada.  

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