sábado, 21 de janeiro de 2012

Jornalismo

Durezas da vida de repórter (6)
A crônica anterior (5) me remete a algumas reflexões sobre os poderes dos veículos de comunicação, impressos e eletrônicos. Como tive a oportunidade de passar por diferentes lugares, de diferentes portes, desde a empresinha de garagem, trabalhando com amigos, até a realmente toda poderosa Globo, pude ter uma idéia muito clara do respeito, temor ou fascínio que exerce sobre o público. A observação mais marcante foi a facilidade de acesso às fontes mais importantes, e por vezes quase inacessíveis, nos diferentes veículos. O repórter era o mesmo, eu. O que mudava era o nome do jornal, revista ou TV onde estava trabalhando em determinado momento. Estrelas do jornalismo que se orgulham das fontes que conseguem colecionar são idiotas. Não percebem o óbvio: não são eles os encantados, e sim os nomes dos veículos onde trabalham. Ou alguém acha que um figurão, interessado em plantar uma grande notícia, faria isso com o “Diário Caixa Prego”, só porque lá agora trabalha seu velho amigo famoso na imprensa... Me poupem. O mesmo Milton Saldanha que conseguiu rápido acesso ao telefone com nomes como Pelé, Ulisses Guimarães, Antonio Ermírio, Setubal, e não sei quantos famosos mais, não conseguiria isso agora se ligasse do seu atual jornalzinho Dance, feito com toda dignidade, mas que não é nenhum O Globo. Isso tem que ficar muito claro para que determinadas estrelas deixem de ser bestas. Os caras pensam que são eles, botam banca, e não é nada disso. Sem um logotipo na frente não representam nada, são meros mortais, como eu e você.
Da minha experiência, o veículo que mais abre fontes não foi nem a TV Globo, nem o Estadão. Foi a revista Veja. Pela qual não sinto especial apreço atualmente, acho decadente, fora determinadas posições que já tomou no plano político realmente desastrosas em termos de bom jornalismo. Mas, sinceramente, nunca vi um lugar tão fácil de trabalhar quando se tratava de ter que ir buscar um determinado famoso para uma entrevista. Quem não atendia na hora, por alguma razão, retornava. Fiquei impressionado com o interesse das pessoas em sair na Veja. A razão disso? Sinceramente, não sei responder. Com certeza são várias. Uma delas, talvez, por retratar a voz e os sonhos da classe média emergente.
   

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