terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tecnologia & Futuro

Parar ou continuar?
Tenho um jornal impresso, com 17 anos. Trabalhei em jornalismo impresso por mais de 40 anos. Aí começo a ler sobre os dilemas desse tipo de jornalismo, com a migração para os sistemas on line, tablets e outros bichos. Corre um frio pela espinha. A sensação de que algo pode mudar, ou vai mudar. Com revistas é diferente. É outra estrutura de informação. Os jornais terão que virar revistas diárias, se quiserem sobreviver. Só que isso é mais complicado. Fazer um jornal é mais rápido (eu não disse mais simples) que uma revista. A diferença é mais ou menos assim: o jornal informa rapidamente; a revista informa lentamente. Ou seja, a revista aprofunda o jornal. O impulso de querer parar tudo e usufruir de uma tranqüila aposentadoria começa a ficar tentador. Por mais estranho que pareça, é provável que sem o jornal, portanto sem trabalhar, me sobre mais dinheiro no bolso. E mais tempo para usufruir dos anos que me restam a bordo deste planeta. Viajar (sem compromisso com trabalho e prazos), dançar, voltar a freqüentar teatro, ver mais filmes, caminhar e fazer turismo em minha própria cidade, visitar amigos, experimentar restaurantes sem precisar ficar consultando o relógio e a agenda. Tudo isso soa maravilhoso, mas tropeça no medo da frustração, do sentimento de inutilidade, do vazio que é o sofá depois de praticamente meio século produzindo e discutindo idéias, fatos, comportamentos. É uma decisão dura, mas pressinto que em algum momento poderá, ou terá, que acontecer. Não é improvável que os leitores também se cansem. É muita informação circulando, com predomínio maciço da informação de baixa qualidade, é bem verdade. Quando lembro que uma cidade como Porto Alegre chegou a ter cinco jornais diários... Hoje isso seria impossível, com o avanço da rede web. Sobrou praticamente um, a Zero Hora, que domina o mercado. O mesmo aconteceu no Rio, sobrou O Globo. E todos já discutem o futuro. O The New York Times, como sempre, está na vanguarda, revendo seu modelo e experimentando o serviço pago on line. Ainda sem nenhuma certeza de nada. O conflito íntimo começa a se instalar neste escriba. Parar ou continuar? Parar tem seus encantos, mas continuar ainda tem sido imperativo. O jornal Dance, é inegável, me proporcionou muitas alegrias esse tempo todo, além de me abrir portas mágicas. Que dilema...  

Um comentário:

  1. Caro jornalista Milton Saldanha!
    Estas fantásticas tecnologias, que mudaram radicalmente nosso modo de vida, também nos deixam propensos a ficar no dilema que você colocou em foco. A cruciante questão é aderir ou não...
    Caloroso abraço! Saudações indecisas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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